domingo, 11 de dezembro de 2011




Já não me basta cantar, já não me basta ouvir uma melodia, a tristeza não desaparece, não vai embora e se vai volta no minuto seguinte.
Sou um demente, tenho ferocidade, tenho raiva de animal, louco de tristeza e imune, cantar não me espanta nenhum mal.
De que me serve um sorriso num mundo cínico? Leve, leve, levemente respiro e vou ao encontro de mim, e então as palavras fazem sentido e a sonoridade começa a soltar-se, a alegria desperta hoje, mas amanhã desmoronou, de novo entristecerá, de novo bater-me-á à porta a música e com ela, a morte.

[25.Janeiro.2010]

domingo, 30 de agosto de 2009

O sorriso



Vou pelo tempo…procurando à deriva.
À deriva de um desejo puro encontrado, e no fim.
No fim de todo o fim, a final de contas tudo está igual,
Sou aquele que ousou sonhar por um sonho banal.
Talvez no recanto de toda a mortalidade, escondido,
Está escondido o sorriso de uma estrela encadeada,
Que sorri para mim hoje e todos os dias, por uma alma iluminada.
Longe de todo o mal que a espera… regressa.
Regressa quando tudo se julgava de uma forma perdida.
Talvez perdida, talvez, mas nunca esquecida.
Por detrás de um nevoeiro perspicaz.
Tenho vontade de voltar…voltar de forma fugaz,
Ao passado que lá longe havia visto.
Porque nada prevê o futuro,
Mas apenas eu devia ter previsto,
Que de novo voltaria esse sorriso puro,
O sorriso ao qual não resisto.



10 de Abril de 2009
CarolinaCruz*

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Lugar mágico


Há todo um lugar, um lugar estranho de revolta e tristeza, que vem e não volta de novo a tomar conta do tempo.
Já chorei tudo o que tinha por chorar, já murmurei a cada ouvido e a cada parede o que não mais irei lamentar, o sorriso não fala, o riso não ecoa, e magoa, dificilmente passará.
Há minutos, segundos e horas que lamentamos até viver, respirar o ar puro, preferíamos morrer, longe de tudo o que pisa a terra e o mar, longe de todo o céu, e de todo o amar.
Podia querer pisar a terra de todos, mas só avanço nos caminhos repletos de magia, há momentos em que queria ser um desenho animado, saltar fugazmente por cada passo difícil da vida, inventar um Cupido para cada amor incompreendido, cada medo ou cada fobia.
Queria ser invisível ao toque, indiferente a um olhar de indiferença, mas engano a minha alma a cada hora, já não sei o que sinto, já só apenas o coração chora.
Chora com raiva, chora com demasiada diferença, chora delicadamente, chora arduamente mas chora, e esforça-se não para lutar, para esquecer, não para amar, mas para seguir em frente, a caminho do futuro e do presente, a caminho da felicidade e do paraíso.

Carolina Cruz / 23 Agosto de 2009

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Tirar-te do coração



A vida tem destas coisas, olho à janela e refresco qualquer olhar sombrio de quem amou demais, não sou pura por isso, nunca fui.
O defeito pendente atropela o ontem, o hoje e atropelará qualquer amanhã na noção, na certeza de te perder…hoje, para sempre.
Não, não sou normal, muito menos vulgar, sou uma pessoa original de sonhos e poeiras de marginal.
Nada vale a pena, não temos nem terra, nem mar e eu mal sei o que é sorrir, agora só sei chorar.
A minha força tem contornos e é feita de ferro e
aço, bem tento aproveitar o tempo que é escasso.
Tento acalmar o desejo e a palavra mas…a cantiga fala mais alto, o pecado e a dor.
O esquecimento e a sorte passeiam a meu lado e pouco me cumprimentam, vivo no azar e no pensamento, com
o é que poderia eu esquecer um puro sentimento?
Faço das minhas barreiras, vitórias, dos meus erros construção, quero ser apenas livre, quero apenas tirar-te do coração.
14 de Julho de 2009
Carolina Cruz

domingo, 2 de agosto de 2009

Dá mais e mais



Vivo, vivo e vivo pelo lado mais difícil de arriscar, canto e afinal não sou ninguém, ninguém além de ti, além de mim, além de nós.
Procuro o caminho simples, procuro a vida que não é minha, mas sim dos outros, os outros que apodrecem aos meus olhos mesmo que a cegueira seja inútil, é o fim.
É o fim de um desejo, de uma realidade, de um prazer mas de um sonho, que não passa senão disso, da ilusão brotada e espetada na razão. Como posso perder algo que nunca foi meu? Algo que nunca tive? O ser humano contenta-se com pouco ou nada e vive com o melhor que pode, mas a paralisia cerebral controlada daquele típico ser afasta-nos do mundo, afasta-nos até de nós mesmos, não somos alguém minimamente feliz, não somos ninguém.
O crescer desaparece, a jóia tem mais valor que uma mão seguida de um desejo, de uma vontade de se ser feliz, o que dizem de ti não te importes, tu és aquilo que aprendeste a ser, és sentimental pelo lado puro, porque és tu, e aprende a sê-lo porque senão fores assim não sobrevives neste mundo, nunca, jamais, porque tu dás o que podes e a tua retribuição é:
dá mais e mais.

Carolina Cruz

23 de Julho de 2009


domingo, 26 de julho de 2009

Hoje é o meu dia


Qual será o sinal que um dia ouvirei do infinito? Quem me segredará mais tarde ao ouvido, para que regresse às terras percorridas pela minha sombra?
Hoje esqueci-me por completo, ouvi os outros e senti-os, senti toda a frieza que paira na humanidade ao olhar para o que sou e para o que me julgam ser.
Hoje virei as costas ao futuro, nem sequer revivi as memórias do passado, apenas vivo e penso no presente. O que fui eu já passei, o que serei um dia mais tarde eu saberei. Foco-me nos meus passos aqui e agora, em virtude dos meus pensamentos e dos meus actos enquanto presente.
Será que serei infeliz por detrás de um sorriso? Ninguém mo sabe dizer, nem mesmo Deus, é tudo tão incerto, tão escasso.
Lá vou eu seguindo o meu passo…
Não me interessa que dirá Deus, se a vida sou eu que a construo e a reconstruo vezes sem conta, nem quanto, contando anos de luta, guerra e erros atrás de erros. Mas hoje sou eu, e a mim me pertenço escondida num segredo e num sorriso, num cumprimento infinito de simpatia e simplicidade.
Não quero que olhem para mim, mas que voem nas palavras que escrevo em sintonia ao ouvir o que toca em mim em melodia.
Voei até ao infinito porque hoje é o meu dia…


Fevereiro 2009 - Carolina Cruz

segunda-feira, 20 de julho de 2009

sabor de viver


O espaço esconde-me entre as linhas do passado, conta ao tempo, que ao vento ninguém conta e ele não conta a ninguém, conta-lhe as fábulas do nosso destino e encontra-me no teu horizonte, assim mais perto.
Não percas tempo e avança, que a vida é demasiado curta para retroceder e avançar como uma cassete riscada, em frente será do tempo que ajuda a remoer sabores e dissabores parados no cruzamento entrelaçado de remorso.
Não peças ao vento que te traga o tempo que esperas, porque nem ele mesmo espera por ti, senta-te e conta até três e então abre os olhos e vê o mundo colorido e pintado por ti, nunca vencerás senão sorrires, senão lutar por aquilo que queres.
Não vale a pena pensar nos pensamentos errados e nem mesmo dos falhados, o passado não volta, faz o que quiseres mas não podes recuar, não podes, só tens de avançar contra pegadas sujas, pedregulhos e buracos, que te magoam, mas no fim de tudo respirar fundo sabe bem e sabe a vida.
É esse sabor que nunca podes perder, tenhas a forma que tiveres de a levar, de respirar a vida, sejas tu bonito ou feio, corajoso ou até mesmo medroso, aprende com ela e sente, respira e sente, como nunca sentiste e vive por ti, porque senão viveres por ti, mais ninguém viverá, vive em sintonia, vive para seres feliz.

20 de Julho de 2009
Carolina Cruz