domingo, 26 de julho de 2009

Hoje é o meu dia


Qual será o sinal que um dia ouvirei do infinito? Quem me segredará mais tarde ao ouvido, para que regresse às terras percorridas pela minha sombra?
Hoje esqueci-me por completo, ouvi os outros e senti-os, senti toda a frieza que paira na humanidade ao olhar para o que sou e para o que me julgam ser.
Hoje virei as costas ao futuro, nem sequer revivi as memórias do passado, apenas vivo e penso no presente. O que fui eu já passei, o que serei um dia mais tarde eu saberei. Foco-me nos meus passos aqui e agora, em virtude dos meus pensamentos e dos meus actos enquanto presente.
Será que serei infeliz por detrás de um sorriso? Ninguém mo sabe dizer, nem mesmo Deus, é tudo tão incerto, tão escasso.
Lá vou eu seguindo o meu passo…
Não me interessa que dirá Deus, se a vida sou eu que a construo e a reconstruo vezes sem conta, nem quanto, contando anos de luta, guerra e erros atrás de erros. Mas hoje sou eu, e a mim me pertenço escondida num segredo e num sorriso, num cumprimento infinito de simpatia e simplicidade.
Não quero que olhem para mim, mas que voem nas palavras que escrevo em sintonia ao ouvir o que toca em mim em melodia.
Voei até ao infinito porque hoje é o meu dia…


Fevereiro 2009 - Carolina Cruz

segunda-feira, 20 de julho de 2009

sabor de viver


O espaço esconde-me entre as linhas do passado, conta ao tempo, que ao vento ninguém conta e ele não conta a ninguém, conta-lhe as fábulas do nosso destino e encontra-me no teu horizonte, assim mais perto.
Não percas tempo e avança, que a vida é demasiado curta para retroceder e avançar como uma cassete riscada, em frente será do tempo que ajuda a remoer sabores e dissabores parados no cruzamento entrelaçado de remorso.
Não peças ao vento que te traga o tempo que esperas, porque nem ele mesmo espera por ti, senta-te e conta até três e então abre os olhos e vê o mundo colorido e pintado por ti, nunca vencerás senão sorrires, senão lutar por aquilo que queres.
Não vale a pena pensar nos pensamentos errados e nem mesmo dos falhados, o passado não volta, faz o que quiseres mas não podes recuar, não podes, só tens de avançar contra pegadas sujas, pedregulhos e buracos, que te magoam, mas no fim de tudo respirar fundo sabe bem e sabe a vida.
É esse sabor que nunca podes perder, tenhas a forma que tiveres de a levar, de respirar a vida, sejas tu bonito ou feio, corajoso ou até mesmo medroso, aprende com ela e sente, respira e sente, como nunca sentiste e vive por ti, porque senão viveres por ti, mais ninguém viverá, vive em sintonia, vive para seres feliz.

20 de Julho de 2009
Carolina Cruz

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Folhas da tua imagem


Caminhei até longe, até aqui.
Olhei para o céu, vi as estrelas e recordei-me do teu rosto suave que hoje me corrói no infinito.
Escorreguei pela terra macia e as minhas mãos tocaram as folhas caídas, como quem traz um recado teu em etapas esquecidas.
Olho para o orvalho e ele mostra-me com tristeza todo o seu passado, como está despido o carvalho.
Despido em tristeza, ao envelhecer sozinho à espera de uma ilusão para voltar a nascer e eu também assim o espero, em esperança de que volte a crescer e a ser criança.
As suas folhas levara-as o vento como tu levaste contigo o meu coração. Porque hoje a tua imagem reflecte-se nas folhas caídas no chão.


Carolina Cruz
Março 2009

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Rio


Sou como um rio
Salto cada pedra
Que atravessa o meu caminho.
Faço da vida um desafio,
Onde sonho sozinho,
Perdido sem me encontrar,
Num mundo em que tu e eu,
Nascemos para amar.

Conto ao mar,
O jeito dos teus cabelos,
O profundo do teu olhar,
O profundo do teu sorriso,
Onde me encontro,
Onde me quero encontrar.

A vida é um jogo,
Em que desististe,
E eu fiquei a jogar.
Desde que partiste,
Espero o teu voltar.
Sorrio em cada acreditar.
Choro em cada lembrança.
Vivo na esperança.
De um novo acordar.

Não sentiste,
Não vou julgar,
Vou fazer da vida um desafio,
Vou deixar de ser o rio,
Que corria só por te amar.


Carolina Cruz
Texto de 2008

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Sem ti não sou ninguém


A vida é para aqueles que pedem demais e tanto têm.
Os sentimentos que cruzam os meus pensamentos são fracos, laços, e o sorriso é tão pequeno que nem se fixa aos meus lábios.
Até a inspiração para escrever é pouca, estou-me a sentir perdidamente louca, demente, mouca!
Não quero ouvir o que o destino me diz, não quero sentir a parte tão rígida do que é amar, do que é sofrer.
Perdi o sentido da cantiga, o sentido da fala, da procura, já nada pode voltar, não existe cura que me faça de novo voltar a amar.
A vida é um caminho que percorremos na incerteza com a maior firmeza de encontrar algo que nos faça sorrir, que nos faça sentir aquilo que ninguém sente, de maneira tão intensa.
Mas eu perdi a firmeza, vivo sem fim na tristeza, na falta de esperança, que cresceu em mim desde criança.
Era tudo tão puro, e tão cedo se esbateu no escuro, sem formas e contrafeitos, esquecidos entre todos aqueles momentos perfeitos.
Contigo aprendi a viver, a esquecer os problemas e até a enfrentá-los vezes sem conta, mas sem ti, esqueço que sou alguém, esqueço que existo, que vivo, sem ti não sou ninguém.


Carolina Cruz , Julho 2008