domingo, 30 de agosto de 2009

O sorriso



Vou pelo tempo…procurando à deriva.
À deriva de um desejo puro encontrado, e no fim.
No fim de todo o fim, a final de contas tudo está igual,
Sou aquele que ousou sonhar por um sonho banal.
Talvez no recanto de toda a mortalidade, escondido,
Está escondido o sorriso de uma estrela encadeada,
Que sorri para mim hoje e todos os dias, por uma alma iluminada.
Longe de todo o mal que a espera… regressa.
Regressa quando tudo se julgava de uma forma perdida.
Talvez perdida, talvez, mas nunca esquecida.
Por detrás de um nevoeiro perspicaz.
Tenho vontade de voltar…voltar de forma fugaz,
Ao passado que lá longe havia visto.
Porque nada prevê o futuro,
Mas apenas eu devia ter previsto,
Que de novo voltaria esse sorriso puro,
O sorriso ao qual não resisto.



10 de Abril de 2009
CarolinaCruz*

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Lugar mágico


Há todo um lugar, um lugar estranho de revolta e tristeza, que vem e não volta de novo a tomar conta do tempo.
Já chorei tudo o que tinha por chorar, já murmurei a cada ouvido e a cada parede o que não mais irei lamentar, o sorriso não fala, o riso não ecoa, e magoa, dificilmente passará.
Há minutos, segundos e horas que lamentamos até viver, respirar o ar puro, preferíamos morrer, longe de tudo o que pisa a terra e o mar, longe de todo o céu, e de todo o amar.
Podia querer pisar a terra de todos, mas só avanço nos caminhos repletos de magia, há momentos em que queria ser um desenho animado, saltar fugazmente por cada passo difícil da vida, inventar um Cupido para cada amor incompreendido, cada medo ou cada fobia.
Queria ser invisível ao toque, indiferente a um olhar de indiferença, mas engano a minha alma a cada hora, já não sei o que sinto, já só apenas o coração chora.
Chora com raiva, chora com demasiada diferença, chora delicadamente, chora arduamente mas chora, e esforça-se não para lutar, para esquecer, não para amar, mas para seguir em frente, a caminho do futuro e do presente, a caminho da felicidade e do paraíso.

Carolina Cruz / 23 Agosto de 2009

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Tirar-te do coração



A vida tem destas coisas, olho à janela e refresco qualquer olhar sombrio de quem amou demais, não sou pura por isso, nunca fui.
O defeito pendente atropela o ontem, o hoje e atropelará qualquer amanhã na noção, na certeza de te perder…hoje, para sempre.
Não, não sou normal, muito menos vulgar, sou uma pessoa original de sonhos e poeiras de marginal.
Nada vale a pena, não temos nem terra, nem mar e eu mal sei o que é sorrir, agora só sei chorar.
A minha força tem contornos e é feita de ferro e
aço, bem tento aproveitar o tempo que é escasso.
Tento acalmar o desejo e a palavra mas…a cantiga fala mais alto, o pecado e a dor.
O esquecimento e a sorte passeiam a meu lado e pouco me cumprimentam, vivo no azar e no pensamento, com
o é que poderia eu esquecer um puro sentimento?
Faço das minhas barreiras, vitórias, dos meus erros construção, quero ser apenas livre, quero apenas tirar-te do coração.
14 de Julho de 2009
Carolina Cruz

domingo, 2 de agosto de 2009

Dá mais e mais



Vivo, vivo e vivo pelo lado mais difícil de arriscar, canto e afinal não sou ninguém, ninguém além de ti, além de mim, além de nós.
Procuro o caminho simples, procuro a vida que não é minha, mas sim dos outros, os outros que apodrecem aos meus olhos mesmo que a cegueira seja inútil, é o fim.
É o fim de um desejo, de uma realidade, de um prazer mas de um sonho, que não passa senão disso, da ilusão brotada e espetada na razão. Como posso perder algo que nunca foi meu? Algo que nunca tive? O ser humano contenta-se com pouco ou nada e vive com o melhor que pode, mas a paralisia cerebral controlada daquele típico ser afasta-nos do mundo, afasta-nos até de nós mesmos, não somos alguém minimamente feliz, não somos ninguém.
O crescer desaparece, a jóia tem mais valor que uma mão seguida de um desejo, de uma vontade de se ser feliz, o que dizem de ti não te importes, tu és aquilo que aprendeste a ser, és sentimental pelo lado puro, porque és tu, e aprende a sê-lo porque senão fores assim não sobrevives neste mundo, nunca, jamais, porque tu dás o que podes e a tua retribuição é:
dá mais e mais.

Carolina Cruz

23 de Julho de 2009


domingo, 26 de julho de 2009

Hoje é o meu dia


Qual será o sinal que um dia ouvirei do infinito? Quem me segredará mais tarde ao ouvido, para que regresse às terras percorridas pela minha sombra?
Hoje esqueci-me por completo, ouvi os outros e senti-os, senti toda a frieza que paira na humanidade ao olhar para o que sou e para o que me julgam ser.
Hoje virei as costas ao futuro, nem sequer revivi as memórias do passado, apenas vivo e penso no presente. O que fui eu já passei, o que serei um dia mais tarde eu saberei. Foco-me nos meus passos aqui e agora, em virtude dos meus pensamentos e dos meus actos enquanto presente.
Será que serei infeliz por detrás de um sorriso? Ninguém mo sabe dizer, nem mesmo Deus, é tudo tão incerto, tão escasso.
Lá vou eu seguindo o meu passo…
Não me interessa que dirá Deus, se a vida sou eu que a construo e a reconstruo vezes sem conta, nem quanto, contando anos de luta, guerra e erros atrás de erros. Mas hoje sou eu, e a mim me pertenço escondida num segredo e num sorriso, num cumprimento infinito de simpatia e simplicidade.
Não quero que olhem para mim, mas que voem nas palavras que escrevo em sintonia ao ouvir o que toca em mim em melodia.
Voei até ao infinito porque hoje é o meu dia…


Fevereiro 2009 - Carolina Cruz

segunda-feira, 20 de julho de 2009

sabor de viver


O espaço esconde-me entre as linhas do passado, conta ao tempo, que ao vento ninguém conta e ele não conta a ninguém, conta-lhe as fábulas do nosso destino e encontra-me no teu horizonte, assim mais perto.
Não percas tempo e avança, que a vida é demasiado curta para retroceder e avançar como uma cassete riscada, em frente será do tempo que ajuda a remoer sabores e dissabores parados no cruzamento entrelaçado de remorso.
Não peças ao vento que te traga o tempo que esperas, porque nem ele mesmo espera por ti, senta-te e conta até três e então abre os olhos e vê o mundo colorido e pintado por ti, nunca vencerás senão sorrires, senão lutar por aquilo que queres.
Não vale a pena pensar nos pensamentos errados e nem mesmo dos falhados, o passado não volta, faz o que quiseres mas não podes recuar, não podes, só tens de avançar contra pegadas sujas, pedregulhos e buracos, que te magoam, mas no fim de tudo respirar fundo sabe bem e sabe a vida.
É esse sabor que nunca podes perder, tenhas a forma que tiveres de a levar, de respirar a vida, sejas tu bonito ou feio, corajoso ou até mesmo medroso, aprende com ela e sente, respira e sente, como nunca sentiste e vive por ti, porque senão viveres por ti, mais ninguém viverá, vive em sintonia, vive para seres feliz.

20 de Julho de 2009
Carolina Cruz

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Folhas da tua imagem


Caminhei até longe, até aqui.
Olhei para o céu, vi as estrelas e recordei-me do teu rosto suave que hoje me corrói no infinito.
Escorreguei pela terra macia e as minhas mãos tocaram as folhas caídas, como quem traz um recado teu em etapas esquecidas.
Olho para o orvalho e ele mostra-me com tristeza todo o seu passado, como está despido o carvalho.
Despido em tristeza, ao envelhecer sozinho à espera de uma ilusão para voltar a nascer e eu também assim o espero, em esperança de que volte a crescer e a ser criança.
As suas folhas levara-as o vento como tu levaste contigo o meu coração. Porque hoje a tua imagem reflecte-se nas folhas caídas no chão.


Carolina Cruz
Março 2009

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Rio


Sou como um rio
Salto cada pedra
Que atravessa o meu caminho.
Faço da vida um desafio,
Onde sonho sozinho,
Perdido sem me encontrar,
Num mundo em que tu e eu,
Nascemos para amar.

Conto ao mar,
O jeito dos teus cabelos,
O profundo do teu olhar,
O profundo do teu sorriso,
Onde me encontro,
Onde me quero encontrar.

A vida é um jogo,
Em que desististe,
E eu fiquei a jogar.
Desde que partiste,
Espero o teu voltar.
Sorrio em cada acreditar.
Choro em cada lembrança.
Vivo na esperança.
De um novo acordar.

Não sentiste,
Não vou julgar,
Vou fazer da vida um desafio,
Vou deixar de ser o rio,
Que corria só por te amar.


Carolina Cruz
Texto de 2008

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Sem ti não sou ninguém


A vida é para aqueles que pedem demais e tanto têm.
Os sentimentos que cruzam os meus pensamentos são fracos, laços, e o sorriso é tão pequeno que nem se fixa aos meus lábios.
Até a inspiração para escrever é pouca, estou-me a sentir perdidamente louca, demente, mouca!
Não quero ouvir o que o destino me diz, não quero sentir a parte tão rígida do que é amar, do que é sofrer.
Perdi o sentido da cantiga, o sentido da fala, da procura, já nada pode voltar, não existe cura que me faça de novo voltar a amar.
A vida é um caminho que percorremos na incerteza com a maior firmeza de encontrar algo que nos faça sorrir, que nos faça sentir aquilo que ninguém sente, de maneira tão intensa.
Mas eu perdi a firmeza, vivo sem fim na tristeza, na falta de esperança, que cresceu em mim desde criança.
Era tudo tão puro, e tão cedo se esbateu no escuro, sem formas e contrafeitos, esquecidos entre todos aqueles momentos perfeitos.
Contigo aprendi a viver, a esquecer os problemas e até a enfrentá-los vezes sem conta, mas sem ti, esqueço que sou alguém, esqueço que existo, que vivo, sem ti não sou ninguém.


Carolina Cruz , Julho 2008

sábado, 27 de junho de 2009

Meu pobre coração



Meu pobre coração bate mas reflecte…
Estarás tu a bater por alguém certo?
Não tornes o simples num batimento de esperança, de ilusão…
Bate, mas não palpites coração, por alguém que saberá e jamais sentirá todo o teu bater.
Não te esqueças daquilo que fui, mas lembra-te daquilo que quero ser o resto da minha vida, afasta os passos tranquilos das ondas revoltas em água salgada.
Salgado é o teu rancor guardado, o ciúme, a desilusão, é por isso que tanto palpitas meu pobre coração.
Ouve-me, liberta a tua emoção, num doce cantar ao som de uma forte canção.


Carolina Cruz / Fevereiro 2009

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Perfeição


Porquê? Porquê? Porquê? Envolve-me de questões mas dá-me as respostas, as respostas que nem a vida te saberá dar, dá-me, não hesites, dá-me.
Se a vida é para sorrir, porque choramos? Porque choramos a rir?
Talvez a vida seja mesmo isso, rir e chorar, chorar e rir, chorar a rir…
Chorar não resolve os nossos problemas, mas torna-os mais leves e mais leves somos capazes de os conquistar, pouco a pouco, com um eterno sorriso, mesmo que eles sintam a nossa presença, a nossa vontade de lutar e seguir em frente.
A vida é uma simplicidade de confusões num mítico místico de sensações que julgamos sentir num sonho e quando acordamos estamos perante os mesmos factos, as mesmas emoções mas cabe-nos a nós neste caminho pensar e agir, sem que o inconsciente se ponha à frente.
Temos de ser nós próprios a construir o nosso mundo com todas as pedrinhas que vamos encontrando pelo passeio de ilusões e adversidades constantes que acabamos por ultrapassar com um sorriso e…não há melhor que um sorriso de esperança transformado em sorriso real, de vitória e choro de alegria.
Se o mundo fosse construído de forma perfeita, talvez nem os sorrisos nos apareceriam de surpresa porque, se tudo fosse perfeito, já saberíamos que seria assim, o caminho seria mais fácil de percorrer, chegaríamos lá mais rápido mas… no entanto, não festejaríamos, afinal de contas já prevíamos chegar cedo.
Por isso, vale a pena pensar na vida como ela é e não procurar a perfeição quando ela não existe, vamos tentar construi-la à nossa maneira e, aproveitar com o que ela nos trouxer, mesmo que sintamos que não seja justo, mas vivamos…
Vivamos porque vale a pena e pena tenho de quem não vive, por isso vive porque viver nunca será demais, mas também nunca será perfeito, por isso faz apenas a perfeição ao teu jeito!


Carolina Cruz
25.Junho.2009

terça-feira, 23 de junho de 2009

( reflectir )




Há qualquer coisa no nosso mundo que precisamos de acreditar para realmente a vermos, nada mais que acreditar naquilo que construímos com as nossas próprias mãos, nem que seja por um minuto, um segundo, um milésimo de segundo.
Não podemos nunca pedir a alguém que ele seja perfeito, porque ninguém o consegue, acredito que nem mesmo Deus, que acreditamos ter construído o mundo, mas no entanto não está em todo o lado, senão ninguém sofreria, ninguém morria…nem mesmo de amores incertos de um desejo pendente, talvez se até mesmo Deus fosse perfeito, talvez esse mesmo desejo se realizasse.
Não que não acredite que haja alguém que chame por nós, acredito, mas ainda acredito com mais força naquele caminho que percorremos com as pessoas que escolhemos e que no fim de cada dia dizemos convictos para nós ou para alguém: “valeu a pena!”, e sorrimos.
Sorrimos num longo sorriso, que nos une até a eternidade, mesmo que essa mesma eternidade não exista, mas…apenas nos limitamos a segredar ao ouvido e sorrir.
Não somos encalhados, não somos cobardes ao lutarmos pelo que achamos melhor para o nosso futuro, por aquilo que realmente sentimos, e vivemos, num eterno dia de sol, que senão fizermos por isso se tornará de chuva, no nosso interior.
Sou eu que desejo demais, sou EU quem ama demais, e perco, caio e levanto-me no minuto a seguir, porque sei e sempre soube que a vida, essa mesmo são dois dias e se tiver de a aproveitar ao máximo, farei de tudo, farei uma directa.
O pedaço de pensamento que levamos no desalento do nosso corpo, no desalinhar da nossa cabeça, não é mais que aquilo que faz parte de um pedaço de nós, daquilo que se tornou tão nosso, mas tão impossível.
Mesmo que eu queira voltar atrás, às imagens perdidas que no passado construí quando realmente havia sentido tudo o que hoje se tornou ideológico, eu pressinto e sinto que o passado não é mais que uma mera passagem a um passo de mim, onde tento e descubro como reviver com emoção o que mais tarde não voltará, a não ser que venha e vá embora por um segundo, por um simples dejavú.
Mesmo que as memórias não voltem de igual forma, poderei construir no meu futuro, o que no passado me fez feliz, não igual, mas idêntico, basta ouvir, basta escutar, basta apenas sonhar sentado num banco, onde o mundo pairará sobre ti.

14 de Junho de 2009
Carolina Cruz

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Refúgio


Olho para o refúgio, onde nada mais cai senão a mágoa da chuva acesa numa noite escura, por mais que a felicidade cresça, ainda a tristeza perdura.
Sou o céu que todos olham quando precisam, mas quando se mergulha no apetecível, cai-se no esquecimento e na luz da moraria, cantando aos vizinhos numa voz bem alta.
Sou o coro perfurado num sorriso, sou a forma e a vida como idealizo, sou o aperto no peito amargurado e sozinho.
Apenas quero reavivar tudo para reviver, tudo o que um dia em mim vi nascer, batalhado em sol, chuva e vento, a minha tristeza não passa de um pensamento.


25-Maio-2009
Carolina Cruz

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Hoje parámos


Hoje parámos. Cientes daquilo que me faz acreditar, choro e até minto do que realmente me arrependo, mas na viagem da vida há todo um jogo proibido e perfeito onde te encontro todos os dias e me sussurras em cada pormenor, és meu amigo, sou teu amigo, não me deixes abater.
Sobe, sobe mais alto que o teu próprio mundo, sou da cor que mais um dia alcançaste num sorriso trémulo de constante alegria, sou o fogo que o alimenta quando todos o tentam apagar.
Sou a chama vazia presa em cada nevoeiro do teu amanhecer, do teu amanhã, sou uma pedra rasgada sem forças e tu és o meu divã.
Divã de puro riso, de puro sono, sonho escondido em histórias de vida, em escolhas, em magia, tremores, alegria.
Os papéis rasgados já pouco significam e alma para escrever esquece-se de viver, por um lugar mágico, escrito em pedacinhos molhados com perfume, não te dou a minha vida, mas dou-te lume.
Lume capaz de acender um sorriso, de queimar uma lágrima fria ao saber do vento, porque a vida é um choro, é o tempo.
Carolina Cruz
Fevereiro 2009

sexta-feira, 22 de maio de 2009




O idoso pensa, reflecte sobre toda a imaginação fértil e feliz que nasceu consigo na sua curta e velha infância que hoje voltou transbordada de um enorme sorriso e saudade rasgados em cada olhar, em cada ruga vincada no seu rosto envelhecido.
Por detrás de cada ruga, de cada gesto de melancolia profunda, há sempre vontade de uma alegria bem funda guardada num sorriso que mudou o mundo em jeito de brincar.
Mesmo que o rosto trema e a confusão desça ao seu lugar, o idoso tem sempre tempo para amar. Amar até a criança que avista longe de si, onde criou laços densos de ternura, e tão cedo de amargura de quem vê perder a vida, morrer cedo. O idoso voltou a ter medo, voltou a ser criança.
Faz-lhe um novo amanha, traz-lhe esperança.



Abril 2009
Carolina Cruz

quinta-feira, 9 de abril de 2009

O mundo a teus pés


Estranhamente sinto-me a voltar ao passado, mas é só pura imaginação.
Sinto a minha cabeça pesar e os meus braços a cansarem-se.
Sinto o meu coração bater suavemente à volta de uma recordação.
Elevei-me até ao céu ao som de um refrão, num profundo silêncio.
A alma encobre-me o estado lunático da tua harmonia cintilante.
O silêncio, o silêncio da tua voz é apaixonante.
Fechei os olhos e desesperei
A ver o tempo a passar….
Numa neblina transparente…
E eu sou aquele que ousou sonhar.
Para onde vais? Estás diferente…
Estás aqui…
Sou mais forte que o mundo, mas penso em ti.
Hoje em que tudo era nada, o nada passou a tudo.
As palavras faltam-me, e as lágrimas escorrem-me em serenidade.
Não quis ouvir a verdade,
Nunca quis.
Olha-me e diz:
Mas que culpa tenho eu? Se o inferno pousou em mim?
Soluço e vês que hoje ainda tenho o mundo a teus pés.
E sempre será assim.

Outubro 2008
Carolina Cruz

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Pergunto-me



Pergunto-me muitas vezes quem sou, e quem eu quero que acompanhe o meu percurso ao longo de toda a minha vida.
Tenho um nó forte na garganta, grito em silêncio à procura da minha alma, e não a encontro, lá atrás o sorriso de orelha a orelha mas a lágrima fundida no canto do olho.
Talvez amanhã será um novo dia, um dia novo, mas não creio na realeza do mundo nem da verdade, mas eu sei o que procuro, procuro a felicidade.
A felicidade é ouro, é vida, não vivo de outra forma, e as melhores pessoas sabem, compreendem e vivem comigo da forma como me completam, como sentem.
Tenho o rosto encoberto pela justiça e a mão aberta para a quem quiser receber, não sou influenciável, sou realista, verdadeira, pouco materialista.
Este mundo não entende, não percebe, não ouve, somos donos do nosso mundo e da nossa mesma verdade, incompreendida a fundo e em saudade.
Guardo na alma os verdadeiros, só quem lá merece estar, no meu caminho os pioneiros que eu sinto nunca vou deixar.




Outubro 2008
Carolina Cruz

domingo, 29 de março de 2009

Inferno





Vais para onde? Pergunto.
Estou perto das estrelas, onde o céu não tem cor e os pássaros voam tranquilos.
Onde vieste tu parar? Porque mereces tu este lugar célebre? Onde a calma pura se veste de branco. Estás no céu.
Ultrapassas todo o mundo à tua volta e vais subindo para um lugar sem formas, sem destino, onde o céu clareira, onde os anjos de asas de seda te acenam em longo afecto.
Espera…Estarás tu no sítio certo? Avança, um dia saberás todo o sentido da vida, vais saber quanto custa o amor e as saudades, o destino e as palavras, a força e a crueldade.
Avança, há uma voz que chama por ti, segue-a, não percas tempo, estás perto de chegar à verdade de todo este jogo perfeito e lógico, de arte e sedução.
Não será demasiado forte para o teu coração? Avança…Tropeçaste? Bem me parecia estás num lugar incerto, vieste em contra-mão.
Abre os braços, dá-me a mão, estás no céu, corre na minha direcção, estás a voar.
Agora dirigi-te ao inferno para aprenderes a amar.




Carolina Cruz
Dezembro 08


sexta-feira, 6 de março de 2009

Pensa, escuta e sente


Tive o ontem,
Tenho o hoje,
Terei o amanhã.
Na incerteza
De me perder pela manhã.

Fecho-me no meu mundo,
Deixem-me cá estar,
Respirar bem fundo,
Sabe tão bem pensar!

Quero sorrir
Com a certeza
De sentir
Que alguém me tira a tristeza.

Preciso de chorar,
Ouvir-me a mim mesma,
Escutar,
Cantar.

Lutas,
Lutas bem fundo,
Mas este não é o teu mundo.
Pensa, escuta, sente,
O que será que te prende a mente?

O mundo é cego,
E cego é aquele que não quer ver.
Porque ninguém esquece
Alguém que se cansa de viver
E cá permanece.
Alguém que vive num mundo,
Que não faz sentido!
Sinto-me partido.
Nada persiste.
Escuta e pensa lá no fundo,
Pensa que algo em nós ainda existe.





Maio 2008
Carolina Cruz

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Alma


É esquisito como te encontrei assim do nada, e cresceste com a tua força interior e permaneceste.
Quando menos esperava fizeste de mim a melhor pessoa, aquela que um dia sonhei ser, e hoje sonho-a a teu lado.
És-me tanto, e é de um momento para o outro que as palavras faltam, os momentos ficam, e eu fico com eles, porque sei que é cedo demais para avançar.
Talvez um dia seja tarde, o tempo é tão traiçoeiro, quando menos esperamos torna tudo tão inexplicável, tão diferente, tão real.
Há dias que sinto e imagino todo este nosso mundo, tão relativo, tão perfeito. Mas esqueço, esqueço que há algo que nos cruza o caminho, algo que o tempo não pode esquecer, mas a distância pode fazer perder.
O amor é isso mesmo, acreditar com inocência na felicidade vivida e olhar o futuro com um sorriso certo na incerteza de uma vida melhor.
Não é fácil viver na incerteza de te perder no infinito, de te perder por tão pouco.
Quero ter-te do meu lado, porque tu sabes como me fazer sorrir, sabes o que sinto e tudo o que faço, cada palavra que digas vai ao encontro àquela que um dia quererei sempre expressar.
A palavra infinita que permanece junto daquilo que sou, que nunca deixarei de ser.
Quando olho para ti vejo-me a mim, vejo-me a mim vezes sem conta, expressão, sorriso, força! Quero apenas a tua esperança, a esperança de um dia ser alguém, de ser o que quero a teu lado!
A vida é difícil, e a minha é um fracasso, sigo o teu passo, mas não me encontro no teu mundo, no teu espaço, é tudo tão fraco, tão laço!
Faço parte do teu mundo mas, no fundo não me encontro.
A palavra que um dia trocámos está lá, com todo o sentido que significa, nesta vida ao teu lado, esta vida tão simples, tão calma. A palavra alma.
Abril 2008
Carolina Cruz

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Miragem




Abraçámo-nos ao vento,
Fugimos um do outro,
Num passo lento,
Num eterno sofrimento.

Não partas,
Não vás,
De uma forma tão fogás.
Caminho pelas matas
Com a esperança
De um dia voltar a trás
Voltar num só segundo
Voltar a ser criança,
Voltar àquele feliz mundo!

Contigo sou criança,
Sou uma pessoa melhor,
Fica-me na lembrança,
Um sorriso maior.
Um sorriso solto, sereno
Numa imaginação,
Num sonho tão pleno,
Guardado no coração.

Não vás,
Dá-me coragem,
Sê forte,
Uma força que nos faz,
Encontrar uma miragem
Que nos salve da morte.
Carolina Cruz
Maio / 2008

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Meu puro mar







Cada passo de vida é uma sombra esquecida pelo mar a dentro, meu puro mar, minha imagem de consolo, de ternura.
Falta-me cada sorriso que sempre me deste em cada onda que fizeste, não posso, não me posso recordar de algo que nunca fizeste com toda a tua força.
Tens o talento de me iluminar um olhar, esquecer o passado e o futuro, vivendo o presente num verdadeiro sonho.
Não quero acreditar no que o destino me diz quando me troca as voltas e me faz olhar-te da forma que ninguém mais olha, como eu te olho.
No teu profundo azul guardas a alma de um livro cheio de histórias puras para contar, onde os nossos caminhos se cruzam tantas e tantas vezes como um nó cego.
Não quero, não quero perder toda a tua forma, toda a onda desse original feitio, não posso, nem devo, não quero. Cada alma tua é um pedaço de mim que se afoga mas que me liberta de um passo para o abismo, forte e enrolado.
Estás aqui, onde a manhã te pede mais que um sorriso, pede uma verdade, um sentimento afogado na tua beleza pessoal, tua beleza natural, escuto com toda a atenção a tua voz que os meus ouvidos escutam sem terminar, fecho os olhos, sinto.
Sinto o respirar que me aquece alma que gela a cada passo, uma lágrima pequena evade-me o rosto, evade-se no horizonte, para onde a levaste? Não quero saber, não me interessa, percorro agora o meu caminho sem ela, mas meu mar, puro mar rasgado de ondas puras o meu desejo é percorrer cada caminho não com o que me levaste mas contigo.
Não quero a lágrima que levaste, mas quero-a retribuída num sorriso teu onde uma onda nos rodeia, nos ilumina, nos chama, nos acolhe eternamente, nos ama.

Carolina Cruz
Dezembro 2008

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Jogo







Sou o jogo mal jogado,
Reflexão,
Lembrança do passado,
Efeito de explosão.

Não sou crente,
Sou demente
Verdadeira,
Inexperiente
Inexperiente da vida.
O presente é poeira,
O passado
Uma sombra esquecida.
Amordaçado, estragado,
É o futuro,
Pesadelo puro.

Sujo o limpo,
Limpo o sujo.
Jogo contra o destino
E cruzam-me o caminho,
Vento, chuva, tempestade.
Estou sozinho.
Só quero a verdade,
Muito, pouco, nada,
Tenho a alma estragada.

O sol ardeu,
A lua deitou-se,
A chuva dissolveu-me
Num choro puro
Que envolveu-me
No futuro,
No futuro da tua partida,
Choro, choro, choro.
Porque estás tu de ida?
Carolina Cruz
Maio 2008

sábado, 10 de janeiro de 2009

Faz parte de ti






Se eu pudesse desenhar o mundo faria tudo de uma outra forma, o sorriso tomara um desejo e o desejo arriscaria um sorriso.
Falo por eufemismos mas não digo nada de jeito, nada cativante, sou um próprio orador da minha própria alma, sussurrando a quem a quer ouvir não arriscando no que estou a sentir.
Sou a palavra cara que no céu se escureceu, faço contas à vida mas nem sei quem me perdeu.
Ouço, ouvindo falácias da tua voz que me completam em cada sentido, estou ciente que nunca me sussurrarás ao ouvido.
Sou a peça fundamental do teu puzzle, sou a história construída à tua volta, perfeita e lógica, sou a frase escondida, sou uma falta perdida mas que eu sei, faz parte de ti.






Carolina Cruz (Dezembro 2008)



Créditos de foto: Rita Alves, in Casal de Ermio (praia da Bogueira)